CASA GRANDE - SÍTIO MANIÇOBAS

11-11-2010 19:35

Um certo dia, ao visitar a CASA GRANDE DO SÍTIO MANIÇOBAS (casa do meu bisavô, Serafim Piancó), meu pai, Antônio Piancó, escreveu assim a sua saudade:

 

 

 

Quando por acaso eu venho

No antigo casarão

Observo o seu estado

Vejo a sua solidão

Vejo com toda certeza

Que a própria natureza

Tá destruindo a beleza

Da antiga construção


Um casarão de arraste

Virado para o nascente

Duas janelas, uma porta

Tinha o casarão de frente

Um quintal com dois oitões

Feitos de tijolos bons

Do jeito das construções

Que se via antigamente


A calçada saliente

Feita com boa subida

Degraus com trinta centímetros

Todos de uma só medida

Quem no terreiro passava

Com certeza observava

Que o dono velho gozava

Alguma coisa na vida


Novena do mês de maio

Era um ato obrigatório

Em maio de cada ano

Abria-se o oratório

Porque o velho acreditava

Quem neste mundo rezava

Lá no outro se livrava

Das chamas do purgatório


Cercado com muita palma

Mangues com muito capim

Várzea com muita verdura

Só parecia um Jardim

Bonitos canaviais

Mangueiras e laranjais

Se hoje assim não está mais

Foi o tempo quem deu fim


Engenho de rapadura

Casa de fazer farinha

Bulandeira de algodão

Tudo na fazenda tinha

Depois que o velho morreu

Tudo desapareceu

Ficou vindo aqui só eu

Voando como andorinha


Dizer quem foi a fazenda

Hoje ninguém acredita

Vaca holandesa lavrada

Igual a colcha de chita

Muitos chocalhos tocando

Vacas, bezerros berrando

Boi manso se espreguiçando

Meu Deus, que coisa bonita!


Açude com muita água

Grande espalho de represa

O sangrador despachando

As águas com ligeireza

Quem ficasse observando

Via piabas pulando

Nas águas da correnteza

 

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