INTRODUÇÃO

Serafim Piancó (meu bisavô)

Em 1877, chegava à esta terra, aos nove anos de idade, o meu bisavô Serafim Piancó. Através dele surgiram as gerações subsequentes, que até hoje aqui residem.

O amor por esta terra é um legado que passou e que passa por cada uma dessas gerações.

Através do meu inesquecível pai, Antônio Piancó Sobrinho, aprendi a amar de forma incondicionalmente este torrão.

Amo  o seu  solo, sofrido pelo sol causticante e pela seca que lhe atinge, ele me faz lembrar a resistência do sertanejo; Amo as suas pedras, suas lajes, seus serrotes. Para mim é como que significassem a firmeza de personalidade e o brio do nosso "babeco"; Amo até as árvores com seus galho secos, pela falta de chuva. Eles, os galhos, me fazem lembrar que apesar da falta d'água para a sua irrigação e de todos os implementos para o seu fortalecimento, são como o sertanejo, que continua de pé, enfrentando as desventuras.

Amo essa terra e me orgulho imensamente dela. Aqui meus avós, meus pais e eu plantamos os nossos sonhos, fincamos as nossas raízes. O seu povo simples, de costumes tipicamente regionais, este povo do "oxente", é considerado o povo mais hospitaleiro do Vale do Pajeú.

Esse povo que teve a ventura de ser filho da nossa "Umburana", berço da poesia, mãe de grandes e inesquecíveis poetas da estirpe de Rogaciano Leite, Vicente Preto, Antônio Pereira, dentre tanto mais. Este povo que fala "oxente", mas sabe abrir o coração e dedilhar as canções mais belas da poesia brasileira, não sendo superado por nenhum poeta erudito.

Esse povo que encanta multidões com sua alma poética, que solta solta o verso na voz e, como já dizia Rogacianao Leite: " Faz da alma uma cigarra e da garganta uma guitarra ..." Essa terra só poderia ser a minha bela e querida Itapetim, palco de afirmação da arte poética, mãe generosa deste povo que bebe e exala poesia, mãe fenomenal que embala todos os seus poetas, pequenos ou grandes, leigos ou eruditos

                            Fátima Piancó