Quando voltei de Rio Formoso para Itapetim, observando minha casa paterna não pude evitarde fazer os seguintes versos:
Vôo no tempo à distância
Recordando a minha infância
Dói no tempo e bate a ânsia
Dá vontade de chorar
Ao aconchego paterno
Ao meigo colo materno
Ah! meu Deus, se fosse eterno
Meu saudoso e doce lar
Hoje tudo está mudado
Meu teto desmoronado
Não tenho mais ao meu lado
Meu pai que me protegia
Nem minha mãe amorosa
A minha mais bela rosa
Riqueza que um filho goza
Quando tem os dois por guia
Meu lar de portas fechadas
Suas janelas cerradas
Suas luzes apagadas
É cruel ver-te assim
Fazes relembrar que agora
Já não é mais como outrora
E que de ti foi-se embora
Quem mais te amava enfim
Sinto meus irmãos distantes
Sem a união de antes
As brigas são mais constantes
Vi muita coisa mudar
Nosso ninho foi desfeito
Não restou nem o respeito
Por quem de modo perfeito
Procurou nos educar
Sinto saudade e revolta
Com esta reviravolta
Muito mais por não ter volta
Tudo que amei demais
Sei que daqui para afrente
A dor será sempre ardente
E por mais que busque e tente
Ser feliz, não sou capaz.
Itapetim, 29/10/1997