Internado no Hospital - UNICORDIS-RECIFE-PE- meu pai Antônio Piancó , geralmente no café da manhã, usava os guardanapos para escrever versos que lhe vinham na cabeça:
I - Ser doente da cabeça
Não deixa de ser ruim
Porém o coração velho
Este que atacou a mim
Tem instinto muito mau
E só quer ver o meu fim
II - Oh! Deus sorria comigo
Fazei esta caridade
Chegamos à conclusão
Que és a PURA VERDADE
Visita aqueles da alta
Também a necessidade
III - Todo o dia o café vem
Das seis para às seis e meia
Hoje nem chegou às oito
Acho que só vem a ceia
Isso pra quem tá om fome
Não mata, mas aperreia
Brincando com Dr. Vladimir Cantarelli, seu médico, que havia ido passar o final de semana em Itamaracá, (O BRAÇO AMARRADO ERA O SORO) ele escreveu num guardanapo:
IV - Vladimir se foi embora
Não fez um papel bonito
Deixou meu braço amarrado
Esticado igual palito
Sangra e mela minha roupa
Mas não escutam meu grito.
V - Minha vida está de um jeito
Não há mais nada em comum
Tá igual à refeição
De batata e jerimum
Mesmo enchendo a barriga
Não sinto sabor nehum
VI - A minha situação
Não faz inveja a ninguém
Não trabalho para mim
Nem para os outros também
Vivo com um parasita
Que existe, mas não convém