NÃO DEIXE ESTE CÃO MORRER

11-11-2010 22:07

Certa vez, meu avô, ao ver um cachorro muito magro e doente, não se conteve e cheio de compaixão, escreveu:

 

Não deixe este cão morrer

(João Inácio de Lima)

 

Vê um cachorro caindo

A falta de alimento

Passando tanto tormento

Pelas calçadas pedindo

O dono ainda sorrindo

Não tem dó de ver sofrer

O bruto sem merecer

Procura fazer concórdia

Usai de misericórdia

Não deixe esse cão morrer

 

Olha que a caridade

É um dever de ser cumprido

Não deixe o bruto cair

Sem culpa e nem maldade

Ele pede por bondade

Um bocado pra comer

Para não esmorecer

Te pede este socorro

Protege este cachorro

Não deixe este cão morrer

 

Repara que este pobre

É preciso se tratar

Para ele não matar

Criação de gente nobre

Olha que com pouco cobre

Cumpre bem vosso dever

E não precisas perder

O que tens em cabedal

Socorre este animal

Não deixe este cão morrer

 

Te lembras se fosses tu

Que tivesses neste estado

Magro, triste e flagelado

Com fome, rasgado e nu

Em estado de urubu

Que leva a vida em sofrer

Esperando pra comer

Depois que um outro morre

Te lembras disto e socorre

Não deixe este cão morrer

 

Este cão é teu amigo

Nunca te fez falsidade

Não usa de crueldade

Com quem te salva o perigo

Viaja junto contigo

A fé livra o padecer

Se uma cobra te morder

Ele fica muito aflito

Te lembras desse delito

Não deixe este cão morrer

 

Este cão serve de guarda

Para atua habitação

Avisa quando um ladrão

Quer roubar de retarguarda

Ele está pronto, não tarda

Faz logo o ladrão correr

Somente pelo comer

Ele vive trabalhando

Dá-lhe o pão de quando em quando

Não deixe este cão morrer

 

Este cão é bom de caça

Mata onça e caititu

Peba, raposa e tatu

Enfrenta qualquer desgraça

Ele nunca se embaraça

No modo de proceder

Só não pode bem correr

Devido a necessidade

Não falte com a caridade

Não deixe este cão morrer

 

hás de dizer que ele ruim

Que nem a morte o consome

Mas não te lembras da fome

Que o pobre passa enfim

Nunca faças isto assim

Dá-lhe sempre o que comer

Ele sabe agradecer

O ato de caridade

Dai prova de humanidade

Não deixe este cão morrer

 

Repara para a magreza

Do pobre deste animal

Sem a niguém fazer mal

Sem poder fazer defesa

Quando a própria natureza

Vê a falta do dever

Deus disse: Dai de comer

Que hás de colher um bom fruto

Apesar de ser um bruto

Não deixe este cão morrer

 

Espero que meu pedido

Seja cumprido direito

Ficarei tão satisfeito

Se ver este cão nutrido

Gordo, zelado e punido

Cumprindo vosso dever

Para o povo não dizer

O que diz até agora

Peço por Nossa Senhora

Não deixe este cão morrer. 

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